A formação em segurança, higiene e saúde ocupacional, bem como a qualificação dos recursos humanos são indubitavelmente factores estratégicos de prevenção de incidentes e acidentes de trabalho e, como tal, são considerados factores constantes e muito importantes em toda a área empresarial que tenha como objectivo primordial a melhoria da qualidade de vida no local de trabalho e consequentemente da produtividade.
É fundamental sensibilizar logo de início os novos colaboradores no que concerne à sua conduta, ao seu comportamento, à sua atitude enquanto valências de prevenção evitando que venham a surgir actos incorrectos, posturas inadequadas, situações de risco (que poderão ser na maioria controladas), entre outros factores.
«É fundamental sensibilizar logo de início os novos colaboradores no que concerne à sua conduta, ao seu comportamento, à sua atitude enquanto valências de prevenção evitando que venham a surgir actos incorrectos, posturas inadequadas, situações de risco, entre outros factores.»
Em muitas empresas do comércio e afins estas estratégias fracassam, pois a montante está claramente a ausência de uma política de gestão de recursos humanos e de prevenção que deverá ser incutida pela administração. Na realidade, muitas vezes a gestão de topo encontra-se de costas voltadas para a gestão da segurança e saúde no trabalho, encarando esta área não como um investimento, mas como um custo. Quando se investigam (à posteriori) os acidentes ocorridos nessas empresas, os resultados mostram que as falhas se associam a factores como a tecnologia, sistemas de gestão e administração, factores humanos e agentes externos. Com isso as mesmas têm investido em tecnologia, preocupadas com uma maior segurança e confiabilidade nos seus sistemas e equipamentos.
Numa análise mais detalhada sobre as causas que precedem estas situações verifica-se que o erro humano e as questões relacionadas com a gestão e administração de riscos são elementos que contribuem decisivamente para o aceleramento dos acidentes de trabalho. O erro humano, muitas das vezes, é causado pela pouca sensibilidade ou mesmo desconhecimento dos riscos inerentes a dadas profissões. A falta de formação nesta matéria é muitas vezes causada por falta de tempo de adaptação à mudança tecnológica, exigida num mundo globalizado e cada vez mais competitivo.
Estamos então perante um desafio ambicioso. O que fazer para mudar?
Algumas soluções:
– Sensibilizar os novos colaboradores;
– Compromisso de gestão de topo no que concerne à política de gestão de recursos humanos e de prevenção.
Uma das formas mais seguras, mais confiáveis, mais globalizadoras de reduzir os riscos e consequentemente perdas (humana, materiais, patrimoniais e ambientais), são a formação profissional e a qualificação contínua dos colaboradores.
Os colaboradores lidam cada vez mais com situações de risco. De um ponto de vista objectivo, o risco representa a probabilidade de ocorrência de um evento indesejável e pode ser facilmente quantificado através de medidas estatísticas. O risco está relacionado com a possibilidade de ocorrência de um evento não desejado e depende de uma avaliação individual sobre a situação, sendo, portanto, pouco quantificável.
Até há relativamente pouco tempo contabilizar, ou melhor, equacionar o erro humano não era considerado como um factor de risco significativo numa organização e, como tal, não era tratado com a devida importância em relação aos aspectos de segurança. Sabemos, da psicologia, que o comportamento humano nem sempre é constante e racional, e, portanto, não segue padrões rígidos pré-estabelecidos. Desta forma, os processos de percepção e conhecimento racional do risco e da tomada de decisão que nem sempre estão dependentes do comportamento visível do colaborador, mas sim das suas características cognitivas, caracterizam-se como os principais catalisadores do erro humano.
«O erro humano e as questões relacionadas com a gestão e administração de riscos são elementos que contribuem decisivamente para o aceleramento dos acidentes de trabalho.»
Assim, nota-se que é de relevante importância o conhecimento profundo sobre os perigos e os riscos presentes na organização (comércio e afins), para que seja possível, por parte do colaborador, aceitá‑los, conhecê-los e controlá-los.
Numa empresa essencialmente de serviços temos um conjunto de actividades que rondam desde os riscos ergonómicos, passando pelos riscos físicos nas áreas mais operacionais, até aos riscos químicos e biológicos. Podemos testemunhar, por experiência, para este primeiro número da revista Segurança Comportamental, que só graças à administração de muitas acções de sensibilização e de formação contínua é que os acidentes não tomaram um caminho alarmante.
Queremos, e com certeza iremos continuar a melhorar. Mas não apenas nós. Todos vós, os que gostam desta temática, poderão fazer mais e melhor se trocarmos ideias, se partilharmos e se quisermos aprender uns com os outros.
Bem-hajam!